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Como é a criança hoje? Como ela brinca? Que teatro ela pode ver?


..."Sementeira" cumpre àquilo que perguntaram a Stanislavski sobre como seria o teatro feito para crianças: "Igual ao feito para adultos, só que melhor"...

Assistindo ao espetáculo "Sementeira" lembro das experiências que aconteceram nos trabalhos para crianças nos idos dos anos 70 e 80: o advento do grupo VENTO FORTE, dirigido por Ilo Krugli com suas músicas e bonecos; as montagens do grupo CARACOL dirigindo seus trabalhos a idades segmentadas: o jogo pleno na obra de Carlos Meceni: a poesia cênica de Vladimir Capela e muitos outros trabalhos que já vinham da tradição dos textos bem estruturados de Maria Clara Machado. Como é a criança hoje? Como ela brinca? Que teatro ela pode ver? "Sementeira" bebe nesta tradição e responde as questões acima trazendo a tona características cênicas que existem desde o tempo que passamos a ver o teatro para crianças de uma maneira mais interativa, como Ingrid Koudela flagrou em seu livro "Jogos Teatrais":

- utilização de sucata e materiais simples - a função de transformação de material - quebra de linearidade narrativa - ator assume vários papéis - transformação do espaço - atuação baseada na relação de jogo


Tudo isso permite uma fruição artística do ato cênico ampliando a experiência da criança com o teatro objetivando uma educação artística, ecoando a fala de Susanne Langer:“A educação artística é a educação do sentimento e uma sociedade que a negligencia se entrega a emoção amorfa. Má arte é corrupção do sentimento”. Tirando as teorias, "Sementeira" traz ao público infantil uma experiência teatral preciosa a partir de um feixe de histórias que colocam situações pertinentes a um mundo em formação, de descobertas e medos. A criança se identifica vivenciando algo que fala fundo ao seu serzinho. Ao mesmo tempo que a contação das histórias a coloca num eixo de tradições trazendo questões até hoje não resolvidas pelo homem: o amor, a morte, o sentido da vida, etc. De qualquer maneira, "Sementeira" cumpre àquilo que perguntaram a Stanislavski sobre como seria o teatro feito para crianças:"Igual ao feito para adultos, só que melhor". Que as sementes germinem.



Zeca Capellini é Diretor e dramaturgo. Coordenador do Projeto EMIACIDADE, responsável pelos cursos de iniciação artística propostos pelo Departamento De Cultura da Prefeitura de Santo André.


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